Com dedicação extrema e uma educação diversificada, viagens enriquecedoras e um constante aprimoramento de saberes, Beto Ferreira, um simples professor da rede pública em Criciúma, se destacou como o criador e proprietário do mais renomado parque ecológico e educativo do Sul do Brasil.
Seu relato de vida serve como um exemplo encorajador para todos que visitam o Parque Santuário Ecológico Aguaí, situado no coração da Mata Atlântica, repleto de uma rica biodiversidade de fauna e flora, além da deslumbrante vista da Barragem de São Bento, infraestrutura que atualmente fornece água potável a diversos municípios da região Sul. O parque faz parte da Reserva Biológica do Aguaí e está localizado em Siderópolis, a apenas 7 quilômetros de Nova Veneza.
Dentre as inúmeras atrações, destacam-se encantadoras trilhas ecológicas, uma tirolesa em meio à mata nativa, pedalinhos no lago, caiaques, rapel, um parque infantil, um museu, duas gôndolas, a menor igreja da América Latina, um restaurante amplo e aconchegante, um anfiteatro, um condomínio para gatos, um espaço de aventuras, pontes venezianas e uma loja que oferece produtos regionais e souvenirs. O local serve pratos típicos da culinária italiana durante o almoço e um delicioso café colonial à tarde.
Siga o ND Mais no Google, assim como milhões de leitores já fazem.
Seguir
A decoração do parque é obra de Beto Ferreira, que criou lindas máscaras coloridas e construiu edificações com estilo italiano, formando um ambiente acolhedor e festivo. Ferreira não é apenas o idealizador e chefe do empreendimento turístico, educativo e cultural. Sua presença é notável em todos os aspectos do parque.
Durante o almoço, enquanto os visitantes desfrutam de um dos 22 pratos quentes ou 18 opções de frios, Ferreira assume o papel de diretor e animador, utilizando um moderno sistema de som para animar os comensais com clássicos da música italiana, promovendo um ambiente festivo.
Nesse momento, um casal fantasiado de venezianos, usando aquelas deslumbrantes máscaras coloridas e vestimentas elaboradas, começa a dançar ao ritmo das melodias vibrantes, convidando os turistas para uma diversão improvisada. Ao final, descobre-se que detrás da fantasia masculina está o próprio Ferreira, o ator anônimo que trouxe alegria à celebração.
Duas solicitações ao Governo
O Parque Aguaí abrange uma área de 12 hectares, situado entre Nova Veneza e Siderópolis, no Sul de Santa Catarina, a 13 quilômetros de Criciúma e a 206 quilômetros de Florianópolis. Localiza-se próximo ao Mirante da Barragem e à Vinícola Borgo.
O proprietário possui apenas duas solicitações ao Poder Público: a pavimentação asfáltica de 1,7 quilômetro da rodovia estadual que leva à entrada principal e a aprovação de projetos do PIC (Programa de Incentivo à Cultura) do governo catarinense, voltados para atividades artísticas, educativas e culturais.
O parque oferece atrações para todas as idades, com diversas trilhas, passeios ecológicos e resgate de tradições rurais e italianas da região Sul do Brasil. Os principais grupos de visitantes são de Florianópolis e arredores, do Vale do Itajaí e do Rio Grande do Sul, com uma média de 2.500 visitantes nos finais de semana, especialmente entre abril e dezembro.
Esse precioso espaço ecológico e educativo é uma prova viva de como um simples professor da rede pública pode alterar a realidade social e econômica de sua comunidade, alavancando a economia e encantando milhares de turistas de todas as idades, ao liderar um empreendimento que se tornou uma referência nacional e até internacional.
Um empreendedor exemplar
Albertino Ferreira, mais conhecido como Beto, era professor em uma escola pública estadual em Criciúma, mas sonhava em ser empreendedor. Aos 33 anos, juntou suas economias, fez contatos com amigos na região da Lombardia, Itália, adquiriu passagens e viajou para Milão.
Instalado em um pequeno apartamento, alugou uma bicicleta e passou a vender sanduíches à noite, todos preparados por ele durante o dia. Em certas ocasiões, enfrentou temperaturas tão baixas quanto -2°C.
Com o fruto desse esforço e economias disciplinadas, comprou um carro pequeno e ampliou sua renda trabalhando como motorista de aplicativo. Durante os seis anos que passou na Itália, fez diversos cursos sobre economia, moda, estilo e turismo regional.
Ao retornar a Santa Catarina, Ferreira foi convidado para assumir a Secretaria de Turismo de Criciúma pelo então prefeito Décio Góes. Seu objetivo era realizar o sonho de criar um parque educativo para as escolas da região.
A partir daí, uniu criatividade e ousadia. Inaugurou o parque em 2012, implementando uma pequena cafeteria inspirada na cultura veneziana, além de oferecer um café colonial com um rico cardápio da cozinha italiana.
A cada ano, uma nova atração
Com a crescente demanda de visitantes, Beto Ferreira decidiu expandir as instalações e desenvolver uma variedade de atividades, baseando-se em sua vivência internacional. O ambiente remete à Veneza e à Itália, com uma decoração predominante em vermelho e azul. A cada ano, uma nova atração é adicionada.
Quem passeia pelas diversas atrações sente a essência regional, com pratos típicos, um café diferenciado, a Ponte dos Arcos, a Ponte das Pedras e, principalmente, a maravilhosa vista do inigualável Carnaval de Nova Veneza, que abriga o único desfile tipicamente italiano no Brasil.
Nas várias atrações do extenso parque, é comum encontrar Ferreira, um empresário carismático e acessível, que se esforça para encantar os visitantes pessoalmente. Aos 64 anos, mantém uma energia jovem e uma criatividade de artista. Uma publicação nacional de turismo o descreveu como “Beto Ferreira, o anfitrião que transforma sonhos em destinos turísticos”.
A menor igreja católica das Américas
A Igreja de São Francisco de Assis, com apenas 4,24 m², é reconhecida como o menor templo católico das Américas. Com estilo medieval, o projeto arquitetônico foi concebido por Nicola Gava, enquanto as pinturas internas são da artista Caturra, o mosaico da fachada foi criado por Sérgio Honorato, e as esculturas são obra do artista Galante, de Criciúma. Até o sino e o piso foram doados por parceiros da região, reforçando o caráter comunitário da obra.
A pequena igreja tornou-se um símbolo de espiritualidade, contemplação e simplicidade, atraindo tanto fiéis quanto turistas curiosos pela singularidade do lugar. O interior é adornado com belas imagens de São Francisco de Assis. Hoje, o Parque Aguaí é considerado um dos pontos turísticos mais encantadores de Santa Catarina, unindo natureza, cultura, gastronomia, fé e história em um único espaço.
Reserva do Aguaí
O nome do parque se deve à presença da Reserva Biológica Estadual do Aguaí, bem como à abundância de árvores com o mesmo nome na mata nativa, um termo de origem tupi-guarani que significa “água boa”. No Leste do Estado de São Paulo, existe um município com esse nome, que na língua indígena refere-se a “cascavel” ou “guizo”.
Essas árvores apresentam flores brancas e frutos vermelhos, frequentemente usados na medicina popular para tratar diversas enfermidades, além de serem uma importante fonte de alimento para as aves.
Segundo o IMA (Instituto Estadual do Meio Ambiente), “localizada nos contrafortes da Serra Geral, em altitudes que variam de 200 a 1.470 metros, esta Reserva Biológica (Rebio) abrange os municípios de Morro Grande, Nova Veneza, Siderópolis e Treviso. Criada em 1º de julho de 1983, por meio do decreto nº 19.635, protege uma área de 7.672 hectares.”
A reserva foi oficialmente inaugurada em 21 de março de 2019, com sua sede localizada nas instalações da Barragem do Rio São Bento, em Siderópolis. O terreno foi doado pela Casan e as obras, iniciadas em março de 2017, custaram R$ 246.175,86. O espaço conta com salas para a administração, alojamentos, cozinha e banheiro, recebendo pesquisadores e ambientalistas para atuar na Unidade de Conservação.
O Castelo Borgo
A apenas 3,5 quilômetros do Parque Ecológico Aguaí, encontra-se outra atração do Sul: o Castelinho da Vinícola Borgo, idealizado por Onévio João Colombo e Maria Lúcia Gava. Inspirados pela arquitetura tradicional italiana, produzem vinhos, espumantes, licores, destilados, doces e geleias, utilizando ingredientes naturais, sempre em parceria com produtores locais. A construção do Castelo Borgo foi projetada para atrair visitantes interessados na produção do local.
